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A apropriação do Ensino a Distância pelo MEC durante a pandemia de Coronavírus como mercantilização

“MEC expande oferta de vagas de educação profissional e tecnológica a distância”


Redação UPES/ Roseneide Venzo



Na última sexta-feira (3 de abril) o Ministério da Educação (MEC), publicou em seu site sobre a possibilidade do uso do Ensino a Distância (EaD) para os estudantes de todo o Brasil. Isso nos dá uma diversa gama para críticas em relação a tudo o que o ensino a distância representa e, portanto, aqui, iremos discorrer sobre porque o ensino a distância não é o caminho mais recomendável e porque ele não pode ser visto como um caminho em meio a pandemia (Covid-19) que estamos enfrentando.

Temos que entender que o ensino a distância já é precário para quem opta por ele, imaginemos agora tal situação para estudantes que não escolheram tal via. E que por causa do Coronavírus, o MEC decidiu sobre algo que a tempos já queria fazer, e que agora com a atual conjuntura tem carta branca para tal decisão; isto é, estão se aproveitando do momento caótico que estamos vivendo para aprovar medidas absurdas como esta.

O autor Adriano Ribeiro da Costa (2016, p. 3) nos fala que a Educação a Distância “[...] é uma forma de ensino-aprendizagem mediada por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que permitem que o professor e o estudante estejam em ambientes físicos diferentes [...]”.

Assim, o aluno estuda onde e quando quiser, e aí é que podemos observar um dos grandes problemas, pois, não é destacado em nenhum momento a qualidade do ensino oferecido, as ferramentas utilizadas para tal aprendizado à distância, as dificuldades concretas de não poder contar com um professor pessoalmente. Para além disso, ter que se submeter a tais estratégias do neoliberalismo para com a educação, sendo ela pública ou privada, estadual ou federal.

Todavia, precisamos compreender que mesmo o estudante que tiver acesso, a todas as ferramentas necessárias ainda assim sentirá dificuldades, pois carecerá de orientações e dificilmente terá condições de tê-las e ainda tê-las com qualidade.

O que queremos dizer, é que mesmo que o governo ofereça todas as possibilidades para os alunos estudarem com qualidade (o que será difícil de acontecer) ainda assim, o ensino a distância é uma alternativa para que o Estado se afaste de sua responsabilidade.

Não oferecer ensino presencial para estudantes de instituições públicas significa muitas vezes, que o Estado está se isentando de seu dever e que com isso, retira fundos do ensino público. Fazendo uma alusão a uma balança podemos perceber que se medirmos ensino presencial e ensino a distância conseguimos entender que o EAD ganha em dois pontos: mais barato e mais ineficaz. Portanto, uma ótima opção para o Estado.

Outra questão é que se costuma dizer que o estudante terá autonomia com seu estudo, porém, o fato é que em sua maioria esmagadora os estudantes não teriam força de vontade o suficiente para conseguir aprender os conteúdos sozinhos, aliás, a não ser, autodidatas, essa forma de aprendizado seria muito difícil para os demais.

Por fim por estarmos enfrentando uma pandemia é natural que algumas pessoas vejam o EAD como a solução contudo, não é. Afinal, seria um passo para que se normalizasse o ensino a distância padronizado na esfera pública.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. MEC expande oferta de vagas de educação profissional e tecnológica a distância.Disponível em: <http:// portal.mec.gov.br/component/content/index.php?option=com_content&view=article&id=87521:mec-expande-oferta-de-vagas-de-educacao-profissional-e-tecnologica-a-distancia&catid=209&Itemid=86>. Acesso em: 06/04/2020.

COSTA, Adriano ribeiro. A educação a distância no Brasil. Disponível em: < https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2017/12/a_educacao_a_distancia_no_brasil_concepcoes_historico_e_bases_legais.pdf >. Acesso em: 06/04/2020.



Sobre a autora: Roseneide Venzo é acadêmica de Serviço Social, feminista, antirracista, anticapitalista e prolétaria.


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