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Ensino à Distância é falho e prejudicará centenas de estudantes. Entenda o porquê!

Atualizado: 8 de abr. de 2020

Sem a preparação de professores, famílias e estudantes o primeiro dia de aula Ead reforça dificuldades da educação no Estado.


Por: Raissa Melo | Redação UPES


O Governo do Estado da Educação e do Esporte (SEED), iniciou nesta segunda-feira (6), a Educação a Distância (EaD), com aulas pela televisão e pela internet. A medida pretende atender mais de meio milhão de estudantes matriculados na redes estadual de ensino durante a pandemia do novo coronavírus. A ação teve ampla aceitação do Conselho Estadual de educação (CEE), com 17 votos a favor e apenas um contrário, voto do sindicato estadual dos professores (App- Sindicato), que relata que a medida não contempla a realidade de todos os alunos e professores do Estado.


No primeiro dia do aplicativo do ar, tiveram apenas 307 mil downloads até as 12 horas de hoje (6), e diversas dificuldades no acesso às turmas e atividades. A aluna Bárbara Segantine, do terceiro ano Escola Estadual Silvio Magalhães Barros de Maringá relata que não conseguiu acesso desde domingo ao aplicativo. “Eu peguei o número de matrícula no boletim e minha data de nascimento estão corretas mas mesmo assim dá dados inválidos, tentei de vários dispositivos e nada deu certo”. relata a estudante. O estudante do oitavo ano da escola estadual Dom Pedro II, de Curitiba conseguiu baixar e usar o aplicativo com facilidade mas não se adaptou a nova forma do conteúdo. “ Foi muito estranho, foi uma live pré gravada com um professor diferente, não dava para perguntar, não era com a minha turma e fui muito maçante e monótono”. afirma o aluno. O estudante João Vitor Rohrsetzer dos Santos. estudante de edificações da Colégio Estadual do Paraná explica que além das dificuldades de se adaptar ao EaD as aulas técnicas e também não tem informações sobre métodos de avaliação e continuidade do calendário escolar. “Estamos nos sentindo muito prejudicados pois ainda não há nada para o técnico nem informações, nossa grade curricular é bem diferente e não foi contemplada”. Diz Vitor.


Outros problemas relatados por alunos, pais e professores foram a preparação da família para essa nova rotina e falta de inclusão de alunos de inclusão nessa iniciativa. Amarilis é mãe da Agathá aluna autista e de baixa visão, do sétimo ano da escola Marçal Justen em Curitiba e disse que foi pega de surpresa pela iniciativa e critica a falta de informação e diálogo do Governo com professores e comunidade escolar. “ As aulas não tinham audiodescrição, vários exercícios o professor mandava responder conforme a figura e as imagens eram pequenas e extremamente claras, difíceis até para nós exergantes”. relata a mãe. Amarilis também criticou o aplicativo descrevendo a dificuldade de acessar na televisão e também o método para acessar as aulas. “Acredito que se eles pelo menos deixassem as aulas um dia antes já disponível já ajudava. Assim poderíamos fazer o planejamento das matérias e assuntos. Eu farei mais sempre após o término da exibição das aulas.” afirma Amarilis.


Todas essas situações foram previstas e argumentadas pelo sindicato dos professores. Segundo o presidente do sindicato, professor Hermes Leão “o entendimento do Sindicato, as consequências da aplicação deste modelo sem planejamento serão graves, pois a realidade das escolas e dos(as) estudantes não permite que o EaD funcione efetivamente na rede pública. A APP-Sindicato está recorrendo em diversas frentes para suspender a medida de Feder e Ratinho. “Estamos cobrando deputados(as) e também a comissão da educação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Procuramos também o Ministério Público Estadual (MP-PR) e o Ministério Público do Trabalho por conta do ataque aos direitos do ensino universal e da autonomia das escolas. Não podemos aceitar que esta forma autoritária de agir seja aplicada no Paraná. A Seed não debateu o projeto com a APP-Sindicato, com pais e a comunidade escolar e desrespeitou a deliberação do Conselho Estadual de Educação”, afirma Hermes Leão.


O presidente da APP-Sindicato explicou também que a proposta não contempla alunos da educação especial, do campo e das ilhas, pois não leva em consideração a metodologia aplicada nestes modelos. “Nós vamos fazer uma orientação para os(as) diretores(as) também questionem o Núcleo de Educação e a Seed sobre como será efetivado o modelo, já que a grande maioria dos professores(as) estão em licença. Também orientamos que a comunidade escolar faça denúncias nas comarcas do MP nos municípios, pois a proposta viola o direito universal das criança e jovens à educação”, finaliza o Professor.


Já para o Secretário Estadual de Educação Renato Feder.“Estamos passando por um período excepcional que também exige medidas excepcionais. As aulas EaD são a solução que encontramos para que os estudantes do Paraná não tenham seu ano letivo prejudicado por conta do coronavírus. A equipe da Seed está trabalhando muito para que o conteúdo chegue com qualidade aos nossos alunos nesse momento tão difícil”, afirma o secretário Renato Feder.


A União Paranaense de Estudantes Secundaristas (UPES) segue ouvindo estudantes e ao lado dos professores, reforçando que a educação não pode ser vista apenas como conteudista e sim como um processo que exige mediação, inclusão de diferenças e reforço das diversidades e necessita de atingir a todos com profissionais capacitados e respeitando a singularidade de cada estudante, situações que não são alcançadas pelo estudo a distância.





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