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O verdadeiro eu

CAPÍTULO I


Por Jefferson Mota/ Redação UPES

Mais um dia começou, acordei às 6 horas da manhã para ir à escola, mas ainda não consigo entender o porquê eu ainda frequento aquele encontro de animais irracionais, dentro de um espaço que deveria ensinar ordem e respeito. Mas os alunos só aprendem desordem e anarquia, não por falta de competência dos professores e funcionários, mas sim por terem pensamentos contrários aquilo que os ensinam.

Ao chegar no colégio, visualizo uma menina magra, de cabelos e olhos castanhos que vem ao meu encontro com um sorriso enorme no rosto, cheia de histórias e fatos do cotidiano e ela começa tagarelar sem parar. Me dá um abraço e nos dirigimos ao ‘‘cubículo’’ que chamamos de sala, passar o dia todo ali será um desafio.

Ao entrarmos, os “estudantes” estão atirando coisas uns nos outros, um correndo atrás do outro, sem falar dos que estão rolando no chão, iguais a porcos se rolando na sua própria imundice. Nos dirigimos ao nosso canto, onde nos esquecemos que estamos na mesma sala, os observo: eles continuam agindo como um bando de boçais ignorantes.

As horas passam, chegou o intervalo nós dois saímos de braços dados, mas quando chegamos ao saguão, a Emyli, minha melhor amiga, deu um grito histérico chamando um de nossos colegas e perguntou: qual será nossa próxima aula? Logo depois o menino se distancia de nós e vai para o seu grupinho de meninos mais velhos que ele começou a andar só para parecer ‘‘descolado’’. Depois de ter quase perdido a audição com o grito da Emyli, nós dois vamos para a parte de baixo da escola sentamos em um lugar afastados dos demais alunos ficamos lá o intervalo todo. Quando o sinal toca nos encaminhamos para a sala e para os nossos lugares. Sentamos, já sabendo que será mais um dia entediante.

Quando finalmente acaba a aula, eu saio da escola e vou pegar o ônibus minúsculo, onde todos ficam amontoados um em cima do outro. Quando finalmente chego ao meu ponto, agradeço a Deus por ter chegado, chegado vivo e inteiro.

Vou direto para casa, mal entro em casa e já vejo garrafas e latas espalhadas no chão. E de imediato já sei o que aconteceu…. Mais uma vez meu padrasto está bebendo… Entro pela porta de trás da casa vejo minha mãe ajoelhada com os olhos vermelhos e inchados. Ela está juntando as coisas jogadas no chão, no seu impulso de raiva ele foi derrubando e quebrando tudo o que via pela frente até se cansar e ir dormir. Estava óbvio que ele bateu em minha mãe, mas ela não enxerga que aquela relação não faz bem à ela.

Entro no meu quarto e vejo que também está revirado, largo minha mochila na cama e começo a arrumar toda aquela bagunça, quando acabei já tinha anoitecido e exausto vou direto dormir. Acordo no meio da noite com um estrondo, levanto assustado vou até cozinha e vejo meu padrasto caído no chão, vou até ele e o ajudo a levantar. Ele está cheirando a vômito e cerveja, levo ele até o quarto e o coloco na cama, encosto em minha mãe sem querer, e ela fica surpresa ao ver o estado que meu padrasto sendo levado para cama.

A noite passa, eu só consegui dormir meia hora, meu despertador toca para eu começar a me arrumar e ir para o colégio, levanto e vou tomar um banho para acordar de vez. Faço um café bem forte e saio para pegar o ônibus, entro no colégio e a Emyli vem me encontrar e vê que tem alguma coisa errada comigo, ela pergunta o que aconteceu mas não consigo contar o que realmente aconteceu, simplesmente afirmo que está tudo bem. Ela sabe que por mais que ela insista, eu não vou falar o que houve então não fica insistindo no assunto.

Vamos para a sala e passamos o dia inteiro dentro daquela pocilga. A aula chega ao fim vou para casa a pé, pois quero espairecer a mente, coloco meus fones de ouvido e dou play a minha playlist favorita deixo o volume no máximo. Quando chego em casa a mesma cena de ontem, com exceção de um único detalhe, dessa vez ele não bagunçou a casa, mas bateu em minha mãe como todos os dias e hoje o carro não estava na garagem.

Vou correndo amparar minha mãe, e vejo que seu rosto está todo roxo e cheio de hematomas, pois aquele covarde a agrediu de forma brutal. Falo que irei chamar a polícia mas ela não deixa, então eu faço um juramento pra mim mesmo: -Eu jamais vou deixar ele ou qualquer outro homem bater na minha mãe novamente!

Ajudo a passar remédio no seu rosto, e falo para ir descansar, ela se deita e eu vou fechando a casa, fecho a casa toda e faço o jantar para ela comer. Quando terminei, jantamos, após nos recolhermos aos nossos quartos acabamos dormindo de tanto cansaço.

Acordo às 3 horas da manhã com alguém tentando arrombar a porta de minha casa, fico assustado e em completo silêncio escuto atentamente o que esta acontecendo pego meu celular que eu havia deixado embaixo do travesseiro, e ligo para a polícia. Digo que tem alguém tentando entrar na minha casa, quando a polícia finalmente chega depois de meia hora a pessoa já havia ido embora.

A noite passa finalmente o final de semana começa durmo até às 8:30 da manhã. Parece que tudo irá se normalizar, portanto fico calmo e vou ver como minha mãe passou a noite. Chego até seu quarto e vejo que o suposto “homem bom”, estava dormindo na cama junto com ela. Quando eles dois acordam, era por volta das 10 horas da manhã, eu já havia iniciado o almoço minha mãe como sempre é a primeira dos dois a se levantar, ela vai direto tomar um banho, quando ela está saindo, o traste entra no banheiro.

Terminei o almoço por volta das 11 horas, arrumei a mesa e os chamei para almoçar, ele se senta à mesa com medo da minha reação. Pois minha mãe havia falado para ele o que eu havia jurado, mas eu não faria nada a ele agora!


Sobre o autor: Jefferson Mota é estudante do IFPR- Campus Avançado Barracão, tem 15 anos, é bissexual, atualmente mora em uma cidade no interior do Paraná, mas pretende se mudar para outro país, é apaixonado por livros, séries e chocolates.

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